quinta-feira, 27 de maio de 2010

CONSELHOS CARA SER FELIZ


Para sermos felizes em todas as áreas, devemos perceber que isso exige de nós uma mudança. E como todos já sabem, mudar não é tão fácil.
De repente, você foi habituada a não confiar em ninguém, porque no passado, se decepcionou com alguém.
De repente, você não amplia as suas amizades,
porque está satisfeita com aquela que se identifica bastante!
De repente, já não curte seus familiares ou amigos:

está muito ocupado com suas obrigações e tarefas.
De repente, se sente perdido com tantos afazeres - não sabe por qual começa.
De repente, está até rodeado por amigos e pessoas que prestam serviço a você, e mesmo assim vive reclamando do que falta por fazer – nunca, em nenhuma hipótese, reconhece qualquer esforço que ele ou ela fez por você.
O que você acha que vai alcançar sendo assim?
Nada em absoluto! Pois não existe nenhum investimento da sua parte!
E para se ter algum investimento, tem que se “perder” do outro lado. É perder uma “garantia”. E aí está a questão, muitos não querem investir, porque tem medo de perder o que tem.
Como posso experimentar algo melhor se não arrisco? Como posso ser melhor, ou mais feliz, se não quero correr nenhum risco?
Quando foi que a sensação de bem estar nos levou a algo maior?
Deixo esta pergunta para que você medite, e seja independente, de tudo que pode te levar a uma acomodação.
Sem o “dar”, não existe o sucesso.

http://vivifreitas.blogspot.com

Faxina Emocional

Quantas de nós já estivemos no mais profundo caos? Estávamos tristes e sem nenhuma compreensão dos demais. Quando chegamos nessa etapa da nossa vida, ficamos super sensíveis. Um olhar, uma simples falta de atenção de quem está mais próximo, já é a gota d’água! Explodimos!
Se não há chance de explodir, se ficamos com medo da reação que teremos ou das conseqüências que ocasionaremos, então choramos.
---Vamos para um lugar a parte e choramos, até não poder mais---
E o pior: quando alguém se mostra interessado em nos escutar, lançamos tudo que está dentro de nós - aquele passado que não superamos, sai a tona sem ao menos tomarmos cuidado com o que falamos.
Cada vez que alguém nos julga mal, pioramos! Ficamos mais delicadas e não saímos daquele poço.
Quando acabaremos com tudo isso?
E como superaremos o passado que vem a tona?
Como vamos esquecer ou ultrapassar?
Para ser bem sincera com vocês, nossos leitores, eu já fiquei nesta situação...
Triste, e por mais que tentava explicar a alguém, não me sentia compreendida.
Queria alguém, mas nem sei o que queria que a outra pessoa falasse ou fizesse. Como mudaria aquela situação que estava vivendo? E qual seria o papel daquela pessoa em transformar a tristeza em paz, em harmonia e etc…?
---O maior problema não era alguém me entender, era eu mesma---
Eu não conseguia vencer o passado que vinha a tona. Sempre acontecia algo que reafirmava que aquele passado ainda era real. Era horrível! Era um beco sem saída. Sentia-me inferior e diminuída diante dos demais.
Sabe o que fiz?
Vou ser bem sincera com vocês! Eu fui até ao meu quarto, e falei com Deus bem sério.
Falei para Ele que estava saturada deste passado que me atormentava, desse passado que me trazia evidências de tudo aquilo que me afligia.
Falei que nunca mais iria chorar por esse motivo, que nunca mais sofreria por este problema.
Quando fiz essa oração sincera, senti um alívio, mas ainda tinha muita coisa pela frente. Fui descobrindo o meu lado oculto.
Em poucos meses, fui abandonando aquele passado, aquela tristeza que estava enraizada em mim.
E sabe quando foi que me livrei disso?
Quando eu comecei a dar. Comecei a não esperar nada em troca.
Nada em absoluto! Por mais que a minha natureza quisera falar dentro de mim, que era o meu direito de ter isso ou aquilo, eu já não dava ouvido, porque até ela mesma, a tal “natureza” me havia deixado naquele lamaçal de vida.
Todas aquelas tristezas e agonias que não passavam era justamente devidas aos meus 5 sentidos.
Ué? Como então você vai viver sem sentir?
Sentir sempre vou, querer sempre vou querer. Mas aí é que está o segredo!
---O segredo é não ser mais escrava dos sentimentos que vêm a tona---
O segredo é tomar o controle da situação.
E eu fiz isso, não pela força que tenho, mas pelo Deus que invoquei.
Ele me inspirou! Ele me deu direção! A direção a que me refiro não é algo comum, que encontraria nas minhas amizades, mas sim Divina.
Ele me deu forças para comprimir e pisar, aquilo que estava oculto dentro de mim, e fez aquela “senhora faxina”, que eu nunca mais tive que fazer!

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A Inveja

Certo dia, uma serpente voraz tentava abocanhar um indefeso vaga-lume, quando este se voltou para ela e lhe perguntou – senhora serpente, como é que um animal tão poderoso me deseja aniquilar? A serpente respondeu – o teu brilho fascina-me e, como não o posso ter, tenho que te matar”.

Como surge a inveja ?

A inveja vem através do olhar, e quando esta percebe que não tem o que o outro tem e desfruta, vêm os pensamentos que dão o arranque para um desassossego da alma. E quanto mais a pessoa vai nutrindo esses pensamentos, que parecem ser algo óbvio, vai aumentando a desgraça dentro de si. Eu quero dizer com isso, que aquela semente começa a brotar.
Ninguém quer admitir que tem tal coisa, mas todos estamos sujeitos a ela. É um pecado que seduz de tal maneira, que a pessoa muda de comportamento.
Ela deixa de ser livre para ser uma presa dos seus sentimentos. E isso pode-se ver, justamente, quando vem a tona aqueles pensamentos que temos de nós próprias, que somos inferiores.
Ninguém quer ser menos, nem incapaz de ser boa o suficiente. E quando vemos o que os demais têm, e não atingimos o sucesso como vemos, somos bombardeados com aqueles sentimentos que percebemos de imediato, que nos traz algo negativo.
A inveja é um sentimento de roubar o que o outro tem. Não quer conquistar apenas, mas quer arrancar da outra pessoa e trazer exclusivamente para si. Quer ser o centro das atenções, quer ser mais bem sucedida do que fulano. E quando vem aquela “boa notícia” da tal pessoa de quem ela sente inveja, ela tenta ignorar ou até mesmo mudar de assunto, para não dar a atenção que a outra merece.
E daí que surgem as brigas, contendas, difamações e guerras. O terror começa a se fazer presente, no relacionamento entre familiares, empregados e estudantes.
Se todos nós somos bombardeados com pensamentos malignos, o que devemos fazer então? Temos que dominar tal sentimento.
Sabe como?
Aprenda a ceder ou a dar, justamente a pessoa por quem você tem este sentimento. Se você dá, você controla os impulsos do sentimento, que insinua você fazer o contrário. Em outras palavras, é você quem age de uma forma inteligente, contra a estratégia dos próprios impulsos e que impõe o que tem que ser feito.
Você verá o peso sair de cima!

http://vivifreitas.blogspot.com/2010/05/inveja.html

A mentira e suas consequências

A quem pense que a mentira não tem tanto “mau resultado” como parece. Ela pode até iludir temporariamente, mas amanhã, com certeza, terá suas conseqüências.
Quantas mulheres estão ansiosas por encontrar o homem da sua vida... Ele enfim aparece, e ela se entrega por inteiro, deixando que essa entrega vá muito mais além do seus princípios morais lhe alertam. Para não o perder, para ser a melhor opção para ele, ela não tem capacidade de dizer “não” aos seus impulsos, e cai na armadilha de seus sentimentos.
Em nossa sociedade, não é anormal ter relações sexuais antes do casamento, mas em algumas culturas e meios sociais, ainda é atípico ficar grávida e não estar casada.
Engraçado, não é? Como a própria sociedade cai no rol da mentira. Querem enganar a quem? Querem ter a liberdade de ter relações sexuais, mas não aceitam o risco de uma gravidez. Já que a sociedade apóia tanto as relações íntimas, por que não esperam o fruto disso?
Muitos vão “levando a vida” lado a lado com a mentira, mas dizem que odeiam falar a mentira, e acabam praticando a mentira.
É como a menina solteira que se apaixona, se entrega e logo em seguida está grávida. Agora vem a dor por sentir que perdeu a sua liberdade, vem a dor da rejeição e até mesmo é abandonada. O tal namorado que a seduziu, agora a deixou. Sente-se traída e usada! Mas, eu pergunto: Ele assumiu algum compromisso com ela? Ela esperou o momento certo para que ele provasse que a amava, fazendo uma proposta de casamento? Não foi isso que ela semeou na relação entre ambos, se entregando antes do tempo?
A verdade é que ela espera receber o amor de alguém, que se comprometa, mas ela age sem compromisso.
Outro caso: Muitos vivem de festas, baladas, bailes funk e etc... Há uma alegria, diversão, e toda sorte de liberdade nesses ambientes. Por lá, tudo pode! Não há nada que seja proibido. O prazer anda solto! A bebida, o vício, a dança, as amizades e etc...
Mas quando chegam em casa, caem em tristeza, no vazio e na inquietação. Na semana seguinte, voltam a mesma prática, às mesmas coisas. E vivem mostrando por aí que a vida é para se curtir! E realmente até curtem uma alegria temporária, mas que nunca permanece!
Vivem de ilusão. Mostram aos demais que isso é que é desfrutar a vida! Agem na emoção, aos poucos sendo destruídos internamente, sem que ninguém veja o quão infelizes em realidade são.
E seus familiares vivem constantemente em pânico, devido aos vícios que este adquiriu, desde que embarcou nesta aventura do livre acesso, da vida solta. E o mau comportamento? Sem comentários. Não têm a mínima responsabilidade! Não têm nada estruturado. E aos poucos, vão ferindo a quem mais os ama.
Vivem uma mentira! Vivem se iludindo! Se enganam e são enganados também!
----Não seja um deles!----
Se você está vivenciando uma mentira ou uma ilusão, não quero que se sinta mal, quero que reflita, porque você é a única pessoa que pode parar este sofrimento, quando você muda de direção, indo para o caminho que lhe vai trazer a verdadeira paz que tanto almeja. E por isso, eu digo:
Não fale apenas a verdade, mas seja verdadeiro. Seja realista com tudo, pois quem está disposto a isso, não vive de ilusão, nem se baseia nas emoções. Controle seus impulsos.
E não se preocupe pelo que já passou, mas aprenda dos seus erros, e não cometa-os novamente, para o seu próprio bem!
----Há quem diga que errar é “humano”: Mas mentir é errar conscientemente.----
http://vivifreitas.blogspot.com

A LIÇÃO DO RATO


Lição do Rato.
Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote.Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.
Ao descobrir que era ratoeira ficou aterrorizado.
Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:
- Há ratoeira na casa, ratoeira na casa !!A galinha:- Desculpe-me Sr. Rato,
eu entendo que isso seja um grande problema para o senhor, mas não me prejudica em nada,não me incomoda.
O rato foi até o porco e:
- Há ratoeira na casa, ratoeira !
- Desculpe-me Sr. Rato, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar.
Fique tranqüilo que o Sr. será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca e:
- Há ratoeira na casa,- O que ? Ratoeira ?
Por acaso estou em perigo?
Acho que não!
Então o rato voltou para casa abatido,para encarar a ratoeira.Naquela noite,
ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima.
A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pego.
No escuro, ela não percebeu que a ratoeira havia pego a cauda de uma cobra venenosa.
E a cobra picou a mulher...O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital.
Ela voltou com febre.
Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha.
O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e vizinhos vieram visitá-la.
Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente veio para o funeral.
O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.
Moral da História:
Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema
e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se que quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre risco. O problema de um, é problema de todos!
" Nós aprendemos a voar como os pássaros,a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemosa conviver como irmãos "
FONTE: http://amigasdaedu.blogspot.com/

DEIXE A RAIVA SECAR

Leiam com muita atenção... Faz sentido e falou muito forte comigo!

Mariana ficou toda feliz porque ganhou de presente um joguinho de chá, todo azulzinho, com bolinhas amarelas.
No dia seguinte, Júlia sua amiguinha, veio bem cedo convidá-la para brincar.
Mariana não podia, pois iria sair com sua mãe naquela manhã.
Júlia então, pediu a coleguinha que lhe emprestasse o seu conjuntinho de chá para que ela pudesse brincar sozinha na garagem do prédio.
Mariana não queria emprestar, mas, com a insistência da amiga, resolveu ceder, fazendo questão de demonstrar todo o seu ciúme por aquele brinquedo tão especial.
Ao regressar do passeio, Mariana ficou chocada ao ver o seu conjuntinho de chá jogado no chão.
Faltavam algumas xícaras e a bandejinha estava toda quebrada.
Chorando e muito nervosa, Mariana desabafou:
"Está vendo, mamãe, o que a Júlia fez comigo?
Emprestei o meu brinquedo, ela estragou tudo e ainda deixou jogado no chão.
Totalmente descontrolada, Mariana queria, porque queria, ir ao apartamento de Júlia pedir explicações.
Mas a mãe, com muito carinho ponderou:
"Filhinha, lembra daquele dia quando você saiu com seu vestido novo todo branquinho e um carro, passando, jogou lama em sua roupa?
Ao chegar em casa você queria lavar imediatamente aquela sujeira, mas a vovó não deixou.
Você lembra o que a vovó falou?
Ela falou que era para deixar o barro secar primeiro. Depois ficava mais fácil limpar.
Pois é, minha filha, com a raiva é a mesma coisa.
Deixa a raiva secar primeiro.
Depois fica bem mais fácil resolver tudo.
Mariana não entendeu muito bem, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi para a sala ver televisão.
Logo depois alguém tocou a campainha.
Era Júlia, toda sem graça, com um embrulho na mão.
Sem que houvesse tempo para qualquer pergunta, ela foi falando:
"Mariana, sabe aquele menino mau da outra rua que fica correndo atrás da gente?
Ele veio querendo brincar comigo e eu não deixei.
Aí ele ficou bravo e estragou o brinquedo que você havia me emprestado.
Quando eu contei para a mamãe ela ficou preocupada e foi correndo comprar outro brinquedo igualzinho para você.
Espero que você não fique com raiva de mim.
Não foi minha culpa."
"Não tem problema, disse Mariana, minha raiva já secou."
E dando um forte abraço em sua amiga, tomou-a pela mão e levou-a para o quarto para contar a história do vestido novo que havia sujado de barro.
Nunca tome qualquer atitude com raiva.

A raiva nos cega e impede que vejamos as coisas como elas realmente são.


Assim você evitará cometer injustiças e ganhará o respeito dos demais pela sua posição ponderada e correta. 

Diante de uma situação difícil. 

Lembre-se sempre: Deixe a raiva secar

http://nandabezerranamibia.blogspot.com

quarta-feira, 12 de maio de 2010

sábado, 8 de maio de 2010

CURANDO O CORAÇÃO

O Segredo do Passarinho Pepeu

1-AS FORMIGAS VIVIAM SOSSEGADAS NUM FORMIGUEIRO. PERTO DELASMORAVAM MINHOCAS, CARACOIS, BORBOLETAS, ARANHAS. TODOS MUITOQUIETINHOS.
2-AS ABELHAS TAMBÉM ERAM VIZINHAS DELAS. DE VEZ EM QUANDO FAZIAMBARULHO.- MAS É UM CHIADO QUE ATÉ DÁ SONO – DESCULPAVA A FORMIGA FIFI
3- NUMA BELA MANHÃ, UM PASSARINHO PASSOU POR ALI.- HUM... – DISSE ELE – QUE LUGAR BOM PARA MORAR!VIU UMA ÁRVORE CHEIA DE GALHOS.- VOU FAZER O MEU NINHO AQUI – RESOLVEL.
4- ESCOLHEU UM BOM GALHO E COMEÇOU A CANTAR.A VIZINHANÇA FICOU ASSUSTADA.- QUE ACONTECEU? POR QUE ESSA CANTORIA?
5- - PRESTEM ATEÇÃO! – PEDIU A ABELHA ABELHUDA.ELE ESTÁ AGRADECENDO AO CRIADOR POR ESTE LUGAR.- PUXA! É PRECISO AGRADECER? PERGUNTOU, SURPRESA, A FORMIGAFAFÁ QUE NUNCA PARAVA PRA PENSAR.
6- UMAS MINHOCAS BOTANDO A CABEÇA PARA FORA DE SUAS TOCAS,
RECLAMARAM:- SILÊNCIO! É HORA DE TRABALHAR! E ALGUMAS FORMIGAS COMENTARAM
BAIXINHO:- HUM... VAMOS TER UM VIZINHO QUE VAI DAR TRABALHO...
7- - NO GALHO, PEPEU CONTINUOU CANTANDO.DEPOIS DE CERTO TEMPO, VOOU PARA LONGE...- AINDA BEM – DISSI A FORMIGA FEFÉ.O SILÊNCIO TOMOU CONTA DO LUGAR.
8- NO OUTRO DIA, O PASSARINHO VOLTOU.CANTOU TODA A MANHÃ, E DURANTE A TARDE, IA E VINHA.- QUE É QUE ELE FAZ DE CÁ PRA LÁ?- ESTRANHOU A BORBOLETA LELETA.
LOGO TODOS FICARAM SABENDO...
9- QUANDO O NINHO FICOU PRONTO, TODOS QUISERAM OLHAR BEM DE PERTO.- FICOU LEGAL! ELOGIOU A ARANHA TATANHA.
- FORTE E FOFINHO! – COMENTOU A FORMIGA FOFÓ, QUE SÓ APRECIAVACOISAS BEM FEITAS.
10- O PASSARINHO PEPEU OLHOU O NINHO DE TODOS OS LADOS.SATISFEITO ABRIU O BICO E CANTOU UM BOCADO DE TEMPO.
- ESTÁ AGRADECENDO NOVAMENTE COCHICHOU ABELHUDA.
11- PEPEU AGRADECEU TABÉM AOS VIZINHOS ANTE DE VOAR PARA BEM LONGE.
PASSOU UM TEMPÃO... E NADA DE PEPEU VOLTAR.- POR QUE SERÁ QUE ELE SUMIU? PREOCUPARAM-SE TODOS.
12- O SILENCIO TOMOU CONTA NOVAMENTE DO LUGAR, MAS AGORA ELE JÁ NÃOERA BEM VINDO.- QUE TRISTEZA... – QUIXAVA-SE AS BORBOLETAS.
- O TRABALHO ESTÁ PERDENDO A GRAÇA...- ESTRANHAVAM AS FORMIGAS.- ESTÁ FALTANDO ALEGRIA POR AQUI!- CHORAMINGAVA AS ABELHAS.
13- PEPEU VOLTOU! TODOS GRITAVAM.- E VOLTOU COM UMA COMPANHEIRA...- QUE BOM! UMA DUPLA PRA CANTAR AO CRIADOR!
14- COM O TEMPO AS FOMIGAS, AS MINHOCAS, AS BORBOLETAS, OS CARACOIS EAS ARANHAS TAMBÉM APRENDERAM A CANTAR.
- VOCÊS NÃO OUVEM O NOSSO CANTO PORQUE CANTAMOS COM O CORAÇÃO!– EXPLICAM QUANDO ALGUÉM RECLAMA QUE NÃO OUVE A VOZ DELES.
15- É MARAVILHOSO LOUVAR AO NOSSO DEUS CANTANDO:ISSO É BOM PARA NÓS E MERECIDO PARA ELE. SALMO 147:1










Visite esse blog é muito rico e abençoado

domingo, 2 de maio de 2010

Que bom que Ele veio...

Como dizia o apostolo Paulo... Dou graças a Deus por Jesus Cristo!!!
(Romanos 7.25)
Copiei deste blog que é digno de aplausos, Conheça-o voce tbm
http://meu-cantinho-e-minhas-coisinhas-

sábado, 1 de maio de 2010

Esta é a nova "árvore dos valores",
que foi pintada pelo Dú, um artista local,
para alegrar os jardins da Casa Emanuel.
No pequeno "óasis" que é esta casa, nos arredores de Bissau,
não se esquecem valores como a liberdade, a paz, o trabalho,
a compaixão, a coragem, o amor e a criatividade. Bem hajam!
Fonte: http://sorrisosemcor.blogspot.com
Visitem esse blog alem de material riquissimo tem uma preocupaçao com questoes humanas. Vale a pena conhecer.
Beijos Carinhosos
Carmem Lucia

Valores Humanos - Delicadeza

Delicadeza

Deves tratar as pessoas com delicadeza, de contrário elas afastar-se-ão de ti.Lembra-te sempre: um pequeno gesto afetuoso pode ter um grande significado.
As janelas douradas

O menino trabalhava arduamente durante todo o dia, no campo, no estábulo e no armazém, pois os pais eram fazendeiros pobres e não podiam pagar a um ajudante. Mas, quando o sol se punha, o pai deixava-lhe aquela hora só para ele. O menino subia ao alto de um morro e ficava a olhar para um outro morro, distante alguns quilómetros. Nesse morro, via uma casa com janelas de ouro e de diamantes. As janelas brilhavam e reluziam tanto que ele era obrigado a piscar os olhos. Mas, pouco depois, ao que parecia, as pessoas da casa fechavam as janelas por fora, e então a casa ficava igual a qualquer outra casa.
O menino achava que faziam isso por ser hora de jantar; então voltava para casa, jantava e ia deitar-se. Um dia, o pai do menino chamou-o e disse-lhe:
— Tens sido um bom menino e ganhaste um dia livre. Tira esse dia para ti; mas lembra-te: tenta usá-lo para aprenderes alguma coisa boa.
O menino agradeceu ao pai e beijou a mãe.
Em seguida partiu, tomando a direcção da casa das janelas douradas.
Foi uma caminhada agradável.
Os pés descalços deixavam marcas na poeira branca e, quando olhava para trás, parecia que as pegadas o seguiam, fazendo-lhe companhia.
A sombra também caminhava ao seu lado, dançando e correndo, tal como ele. Era muito divertido.
Passado um longo tempo, chegou ao morro verde e alto.
Quando subiu ao topo, lá estava a casa. Mas parecia que haviam fechado as janelas, pois ele não viu nada de dourado. Aproximou-se e sentiu vontade de chorar, porque as janelas eram de vidro comum, iguais a qualquer outra, sem nada que fizesse lembrar o ouro.
Uma mulher chegou à porta e olhou carinhosamente para o menino, perguntando o que ele queria.
— Eu vi as janelas de ouro lá do nosso morro — disse ele — e vim de propósito para as ver de perto, mas elas são de vidro!
A mulher meneou a cabeça e riu-se.
— Nós somos fazendeiros pobres — disse — e não poderíamos ter janelas de ouro. E o vidro é muito melhor para se ver através dele!
Convidou o menino a sentar-se no largo degrau de pedra e trouxe-lhe um copo de leite e uma fatia de bolo, dizendo-lhe que descansasse.
Chamou então a filha, que era da idade do menino; dirigiu aos dois um aceno afectuoso de cabeça e voltou aos seus afazeres.
A menina estava descalça como ele e usava um vestido de algodão castanho, mas os cabelos eram dourados como as janelas que ele tinha visto e os olhos eram azuis como o céu ao meio-dia. Passeou com ele pela fazenda e mostrou-lhe o seu bezerro preto com uma estrela branca na testa; ele falou do bezerro que tinha em casa, e que era castanho-avermelhado com as quatro patas brancas. Depois de terem comido juntos uma maçã, e se terem tornado amigos, ele fez-lhe perguntas sobre as janelas douradas. A menina confirmou, dizendo que sabia tudo sobre elas, mas que ele se tinha enganado na casa.
— Vieste numa direcção completamente errada! — exclamou ela. — Vem comigo, vou-te mostrar a casa de janelas douradas, para ficares a saber onde fica.
Foram para um outeiro que se erguia atrás da casa, e, no caminho, a menina contou que as janelas de ouro só podiam ser vistas a uma certa hora, perto do pôr-do-sol.
— Eu sei, é isso mesmo! — confirmou o menino.
No cimo do outeiro, a menina virou-se e apontou: lá longe, num morro distante, havia uma casa com janelas de ouro e de diamantes, exactamente como ele tinha visto. E quando olhou, o menino viu que era a sua própria casa!
Apressou-se então a dizer à menina que precisava de se ir embora. Deu-lhe a sua melhor pedrinha, a branca com uma lista vermelha, que trazia há um ano no bolso. Ela deu-lhe três castanhas- da-índia: uma vermelha acetinada, outra pintada e outra branca como leite. Ele deu-lhe um beijo e prometeu voltar, mas não contou o que descobrira. Desceu o morro, enquanto a menina ficava a vê-lo afastar-se, na luz do sol poente.
O caminho de volta era longo e já estava escuro quando chegou a casa dos pais. Mas o lampião e a lareira luziam através das janelas, tornando-as quase tão brilhantes como as vira do outeiro. Quando abriu a porta, a mãe veio beijá-lo e a irmãzinha correu a pendurar-se-lhe ao pescoço; sentado perto da lareira, o pai levantou os olhos e sorriu.
— Tiveste um bom dia? — perguntou a mãe.
— Sim! — o menino passara um dia óptimo.
— E aprendeste alguma coisa? — perguntou o pai.
— Sim! — disse o menino.
— Aprendi que a nossa casa tem janelas de ouro e de diamantes.

William J. BennettO Livro das Virtudes II – O Compasso MoralRio de Janeiro, Nova Fronteira, 1996
Fonte:http://lerpensar.wordpress.com/

Valores Humanos - Responsabilidade


Responsabilidade

É de lamentar a falta de sentido de responsabilidade de muitos jovens, que alegam o direito à liberdade, sem perceberem que esta se torna um conceito vazio quando não é acompanhada por uma atitude atenta e responsável. Aqueles que, no exercício da sua liberdade, não respeitam os direitos dos outros dificilmente poderão viver em sociedade, sem atrair para as suas vidas problemas de toda a índole.


Apenas um rapaz

Era uma vez um rapaz bravio que gostava de pregar partidas e fazer matulices, só por embirração. Era muito antipático este rapaz.
Mas emendou-se. Eu conto como foi.
Um dia, por maldade, deu-lhe na veneta atormentar uma pobre velhota, que vivia numa casinha pobre, à beira do povoado. Foi para uma pedreira que havia perto e pôs-se a atirar pedras e a rebolar pedregulhos, que iam cair no quintal da velhota. Para o que lhe havia de dar!?
No fim do seu feito, já cansado, aproximou-se da casa da velhinha, para ver de perto os resultados da sua proeza. Andava a velhinha a recolher as pedras, espalhadas pelo quintal.
— Foi uma bênção que me caiu do céu — dizia a velhinha. — Precisava, há que tempos, de consertar o muro do quintal, mas não tinha forças para trazer tantas pedras. Se não fosse esta avalanche…
O rapaz ficou de boca aberta. E mais sem fala ficou quando a velhinha lhe propôs:
— Bom rapazinho, importas-te de me ajudar a consertar o muro?
Ele, que tinha de fazer de conta que era um bom rapazinho, não teve outro remédio. Passou o resto do dia a acartar pedras, as pedras que ele lançara do alto do monte.
No fim da tarefa, a velhota agradeceu-lhe o trabalho e deu-lhe um grande boião de mel. O rapaz lá se foi, cansado e a lamber os beiços, um tanto confundido. À noite, quando se deitou, estava cá com uma dor nas costas, que não lhes digo nada! Mas regalado com o mel que a velhinha lhe dera.
Ora pois! Serviu-lhe de emenda. Mudou de intenções. Não posso garantir se, dessa vez em diante, nunca mais pregou partidas. Um diabinho não se transforma de repente num santinho. É exigir demais. Mas, na verdade, deixou-se de brincadeiras tolas.
Sem que possa ser considerado um virtuoso rapazinho, também já não é um venenoso rapazote. Nem rapazinho, nem rapazote. Apenas um rapaz. Nem muito mau, nem muito bom. Como quase toda a gente, aliás.

António Torradowww.historiadodia.

Valores Humanos -Retidão

Retidão
Adotar o princípio de mentir sempre que convém atrai a desconfiança dos demais e leva à solidão. Quem engana acabará por ser enganado, porque quem semeia joio não pode colher trigo. Nada é mais importante do que uma consciência tranquila, embora o caminho da verdade nem sempre seja fácil.


O caminho para a verdade

A chuva que caía há dias parara finalmente nessa tarde. Um suspiro de alívio percorreu a turma toda. Os rapazes sabiam agora que o jogo de futebol, há tanto tempo ansiosamente esperado, poderia ter lugar e já não seria cancelado por causa do mau tempo.
— Bom, às três horas no campo de jogos, mas em ponto! — diz Matias para Ricardo, ao irem juntos para casa no fim das aulas.
Ricardo abana a cabeça e murmura algo de incompreensível sempre que Matias dá pontapés nas pedras do caminho para ensaiar golos. Tenta acertar num tronco, numa pedra, ou até na folha de um ramo. Ricardo já não suporta este hábito. É que Matias tem tudo menos boa pontaria.
As suas brincadeiras com as pedras já haviam causado aborrecimentos que chegassem. Matias achava que era precisamente por isso que devia treinar mais. Como se dar pontapés a pedras fosse de uma importância vital!
Ainda Ricardo não tinha acabado de pensar e já se ouvia o barulho de vidros partidos: a última pedra de Matias tinha voado direitinha à janela da entrada do Sr. Gilberto. Ricardo ficou petrificado a olhar.
— O melhor agora é fugir! — ouviu Matias sibilar. E, com um salto, o autor da asneira desapareceu, a correr rua abaixo.
Ricardo ainda estava a olhá-lo, confuso, quando sentiu que alguém o agarrava pela gola e o puxava com força. À sua frente, furioso e ofegante, estava o senhor Gilberto.
— Até que enfim que te apanhei, rapazinho! Espera lá, que vou entregar-te ao teu pai, e vais ver o que te acontece!
Às três horas em ponto, Matias apareceu no campo de jogos mas, por mais que procurasse Ricardo, não o encontrou.
“Afinal sempre o apanharam”, pensou Matias “e, ou assumiu ele a culpa, ou não o deixaram falar. Já é costume. O pai dele, às vezes, é muito severo.”
Matias ficou de pé, na tribuna, a olhar para o campo vazio, em baixo. Combinavam quase sempre encontrar-se uma hora antes, para arranjarem um bom lugar. Mas, de um momento para o outro, Matias perdeu o entusiasmo pelo jogo. Pensava no vidro da janela, em Ricardo, e a má consciência atormentava-o. Devagar e de cabeça baixa, abandonou o campo e encaminhou-se, hesitante, para a casa dos pais de Ricardo.
Foi o pai em pessoa que lhe abriu a porta. Furioso como estava, nem sequer deixou Matias falar, dizendo-lhe asperamente:
— É inútil, rapaz! O Ricardo está fechado no quarto, de castigo, a fazer os trabalhos de casa… Ele que te conte tudo na segunda-feira, na escola. Até lá, já só faltam dois dias e meio — e voltou para dentro, fechando a porta com força.
Matias voltou a tocar à campainha insistentemente e, desesperado, acabou por bater à porta com os punhos. Não podia aceitar uma injustiça daquelas. Mas nada se ouvia dentro de casa.
Os pensamentos atropelavam-se-lhe na cabeça.
“Muito bem”, pensava ele, “então vou contar-lhe a verdade pelo telefone. E se ele também não me deixa falar pelo telefone?”
De repente, Matias tem uma ideia e volta a correr para casa. A mãe ainda não tinha regressado do trabalho. Procurou papel de carta e um envelope, escreveu a toda a pressa umas linhas no papel e levou a carta à estação dos correios mais próxima. Mostrou ao empregado o dinheiro que lhe sobrava da semanada e perguntou:
— Chega para mandar uma carta por correio-expresso para a cidade?
— Chega e sobra, rapaz.
— E a carta é entregue agora mesmo?
O empregado olhou-o sorrindo e respondeu:
— Há fogo? Não tenhas medo, que estás com sorte. A carta pode chegar ao destino em meia hora. Ex-cepcio-nal-mente!
Matias entregou a carta, feliz.
Uma meia hora mais tarde, o pai de Ricardo abria uma carta, entregue por um estafeta motorizado. E, admirado, leu:
Caro Sr. Pinto,
Venho, por este meio, provar-lhe que a verdade, afinal, consegue entrar em sua casa. Fui eu que parti o vidro da janela e vou pagá-lo com a minha próxima semanada.Espero pela resposta em frente da sua casa.
Com os meus cumprimentosMatias
A resposta que o pai de Ricardo deu a Matias pesava quase quarenta quilos e vinha a rir-se. O pai tinha mandado Ricardo. Assim que viu o amigo sentado à espera na soleira da porta, disse-lhe:
— Matias, tu és o maior maluco do mundo! O que tu fizeste… bem, nunca hei-de esquecer.
— Ora — resmungou Matias — não fales tanto, se não, ainda vamos perder a segunda parte do jogo.
Eva Rechlin
Jutta Modler (org.)Brücken BauenWien, Herder, 1987
tradução e adaptação

Valores humanos- Delicadeza

As palavras cor-de-rosa e as palavras cinzentas
Delicadeza
A falta de compostura e as liberdades de linguagem tomaram o lugar da correcção e da delicadeza, que ainda prevaleciam há algum tempo atrás. A mentalidade permissiva que tem vindo a instalar-se, a par de um falso conceito de liberdade, tem criado situações de grave confusão, das quais os mais jovens são as principais vítimas.

As palavras cor-de-rosa e as palavras cinzentas

Um dia, sem se saber muito bem porquê, tudo aconteceu de repente: as palavras cor-de-rosa desapareceram do planeta. O que são palavras cor-de-rosa? São palavras delicadas, como Obrigado, Faça favor, Se não se importa, És tão importante para mim. Palavras tão doces que são como mel no coração.
Seria obra do Mago Cinzento, que só gostava do salgado, do picante e do amargo? Não… Eram os homens que, vá lá saber-se porquê, preferiam as palavras picantes, amargas e salgadas.
Naquela época, existiam na Terra lojas de palavras cor-de-rosa e lojas de palavras cinzentas. Os vendedores de palavras cor-de-rosa vendiam Amo-te, Penso em ti, Muito Obrigado, Se faz favor… Os vendedores de palavras cinzentas vendiam sobretudo Cabeça de alho chocho, Não me chateies, Cala o bico…
A princípio, comprava-se muito mais palavras cor-de-rosa do que palavras cinzentas. Os vendedores de palavras cor-de-rosa faziam bons negócios, e um perfume doce envolvia a Terra. Os vendedores de palavras cinzentas passavam os dias à espera, porque só tinham clientes uma ou duas vezes por ano, por alturas de grandes zangas.
No entanto, um dia, os homens puseram-se estranhamente a comprar palavras cinzentas. Havia uma crise de emprego, uma greve de corações. Os patrões compravam muitos Vá pregar a outra freguesia, Está bem arranjado, homem, Obrigado pelos seus serviços mas está despedido. Havia guerras entre famílias, divórcios, casais que já não se entendiam. Invejas entre irmãos, zangas… Comprava-se vários Já não gosto de ti, Acabou tudo. Nas lojas de palavras cor-de- rosa, muitos Obrigado, Por favor, Gosto de ti, ficavam por vender.
— Para o diabo com as palavras doces — diziam os homens. — São caras e não trazem nenhum benefício.
Os vendedores de palavras cor-de-rosa, desolados, já não sabiam onde as armazenar.
As lojas cor-de-rosa fechavam umas atrás das outras. Passa-se, Fechado por morte do proprietário, Liquidação total, Quinze palavras cor-de-rosa pelo preço de uma. Mas, mesmo a preços módicos, elas não atraíam ninguém. As lojas de palavras cinzentas, essas sim, prosperavam. Porque, e isso é bem conhecido, as palavras feias são contagiosas. Se no recreio te lembrares de lançar uma, receberás dez em troca! Abriram-se mesmo lojas especializadas em palavras feias, risos grosseiros, insultos horríveis. E os vendedores cinzentos trabalhavam dia e noite para descobrirem jóias raras, as palavras mais horríveis e mais maldosas!
Como receavam ficar sem provisões, como costuma acontecer em tempo de guerra, as pessoas começaram a fazer conservas de palavras cinzentas. Congelaram-nas às dúzias, empilharam-nas nos armários da cozinha, nos guarda-fatos, debaixo das camas.
E, upa, ao menor atrito, ao mais pequeno gracejo, à mais insignificante discussão, ia-se à reserva: Cala o bico, Vai ver se chove, És um atraso de vida, Ó gordefas, e assim por adiante!
Os aniversários tinham lugar no meio dos piores insultos. Cantarolava-se Infeliz aniversário, infeliz aniversário, lançando-se uma bomba de palavras feias no meio da festa. Entre os adultos, para se festejar a passagem do ano, comia-se as passas e bebia-se sumo de peúgas pretas, no meio de gracejos do género:
— Desejo-te um ano péssimo… e, principalmente, muito pouca saúde!
E, quando se abriam as prendas, era um concerto de gemidos:
— Que feio! Como é que tiveste uma ideia tão má? É, de facto, o presente que eu menos queria receber!
Antes das aulas, as crianças corriam para as lojas cinzentas e enchiam os bolsos de palavras feias para a hora do recreio. Antes das férias, os adultos também lá iam, para encherem as malas de palavras cinzentas, de piadas estúpidas, que atiravam pela janela na auto- estrada, entre as sandes e o café, durante os engarrafamentos: Ó aselha, vai mas é plantar batatas!
À face da Terra, a atmosfera era glacial. O Sol, que tem medo das grosserias e dos arraiais de pancada, recusava-se agora a brilhar. Lembrava-se de outros tempos, em que era acolhido de braços abertos:
Está bom tempo! Que maravilha! Obrigado, amigo Sol… Oh, meu Deus, como gosto do Sol…
Em vez disso, ouvia-se agora:
— Que calor horrível! Bolas! Kêkalôr!
Então as nuvens invadiram o céu, e a terra mergulhou num período glacial. Toda a gente tinha frio. As pessoas recusavam-se a despir-se, já não faziam festas umas às outras, já não nasciam bebés.
A Terra estava tão triste, sem flores nem palavras cor-de-rosa!
No entanto, algures no mundo, um rapazinho não queria habituar-se às palavras cinzentas. Talvez por, no seu bolso, ter ficado uma palavra cor-de-rosa meio gelada. “Eu”, dizia Pedro, “não quero um mundo onde mais ninguém canta; onde não se diz bom dia, nem obrigado, onde há sempre tanto frio. Vou ver se encontro o Sol.”
O rapazinho caminhou durante muito tempo, escalou colinas geladas, pequenas e grandes montanhas, vulcões extintos. Por fim, ao cabo de meses e meses de árdua caminhada, chegou exausto e transido à casa das nuvens.
— Toc, toc — bateu. — Venho à procura do Sol.
— Oh, oh! — exclamou a nuvem-chefe, que se tinha apoderado do céu cinzento. — Olhem só para isto… Um fedelho ridículo que vem à procura do senhor Sol! O Sol não aparece a ninguém! Desde que as palavras cinzentas tomaram o poder, somos nós, as nuvens pardacentas, que somos os chefes.
Dito isto, virou as costas e fechou-lhe a porta na cara.
O rapazinho sentou-se, confuso. Como responder? Não trazia no bolso uma única palavra cinzenta. Então, começou a chorar. A nuvem olhou para ele surpreendida: já há muito tempo que não via ninguém chorar! Naquele universo glacial, todos os olhos estavam gelados, todos os corações estavam frios.
— Pára com isso imediatamente! — gemeu a nuvem. — Se não, vou fazer cair um aguaceiro. (Porque as nuvens têm habitualmente a lágrima ao canto do olho.)
Finalmente comovida, tomou, lá no íntimo, a decisão de o ajudar.
— Olha — disse-lhe. — Aquela bolinha amarela ali em baixo é o Sol.
Pedro abriu os olhos e viu de facto uma bola de bilhar perdida na imensidão do azul: era o Sol, que estava a desaparecer por causa dos maus-tratos.
Já no limite das forças, o rapazinho caminhou em direcção da pequena bola amarela.
— Bom dia — cumprimentou. — Vim buscar-te. Tudo se tornou cinzento na Terra. Temos frio, sentimo-nos mal. Nunca nos rimos, nunca dizemos palavras delicadas. Tens de voltar.
E o Sol e o rapazinho começaram ambos a suspirar, pensando naquela “época cor-de-rosa”.
— Tens de voltar — insistiu Pedro.
— Vou, a título de experiência — resmungou o Sol. — Mas atira primeiro para a Terra estas palavras cor-de-rosa. Assim, o meu regresso será mais agradável.
O Sol deu ao menino um conjunto de palavras cor-de-rosa: Por favor, É simpático da tua parte, Muito obrigado, Gosto muito de ti, Amor da minha vida, Se não se importa, etc. O rapazinho meteu-as nos bolsos, na boca, no boné, nas meias, em todo o lado. Todas as que ele conseguisse levar.
Regressou à Terra e distribuiu-as ao acaso.
De repente, nos engarrafamentos, as pessoas começaram a desdobrar os papelinhos cor-de-rosa: Faz favor de passar, Que tempo tão bonito, não acha?, Pode ir à minha frente, não tenho pressa nenhuma…
Nos recreios, começaram a ouvir-se novamente risos simpáticos e palavras como És o meu melhor amigo, Claro que podes entrar no jogo…
Em casa, as crianças voltaram a usar palavras cor-de-rosa: Obrigada, mamã, Por favor, Desculpa, não fiz de propósito…
Nos aniversários, cantava-se alegremente e, nas festas da passagem do ano, formulava-se votos de felicidade e de saúde.
O Sol voltou a brilhar e a deitar-se todas as noites na sua nuvem cor-de-rosa. E, juro-te, os vendedores de palavras cor-de-rosa começaram a fazer fortuna! Abriram-se mesmo outras lojas especializadas em sorrisos, em suspiros de satisfação, em delicadeza, em cortesia, em civismo… Foi como mel no coração.
Quanto às palavras cinzentas, decidiram, diante de tanta felicidade, desarvorar com quantas patas cinzentas e peludas tinham. E, quando alguma se lembrava de vir meter o nariz, garanto-vos que não ficava por muito tempo.

Valores humanos - Coerencia


Coerência
Aqueles que prometem e não cumprem, que são uma coisa nas palavras e outra nos actos, aqueles que mudam de acordo com as conveniências do momento, acabam por transformar a sua vida numa farsa, da qual não sairão incólumes.

A fita vermelha

Eu tinha começado a ensinar. Era muito nova então. Quase tão nova como as meninas que eu ensinava. E tive um grande desgosto. Se recordar tudo quanto tenho vivido (já há mais de vinte anos que ensino), sei que foi o maior desgosto da minha vida de professora. Vida que muitas alegrias me tem dado. Mais alegrias do que tristezas.
Se vos conto este desgosto tão grande, não é para vos entristecer. Mas para vos ajudar a compreender, como só então eu pude compreender, o valor da vida. O amor da vida. O valor de um gesto de amor. O seu «preço», que dinheiro algum consegue comprar.
Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.
A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antes, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.
O quê? Português, francês. Hoje sei, acima de tudo, o amor da vida.
Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos.
Mas, desde o primeiro dia, compreendi que teria nas alunas a maior ajuda. O sol, a claridade que faltava àquela escola de paredes tristes. A música estranha e bela que ia contrastar com os ruídos dos «eléctricos», dos automóveis da calçada onde ficava a escola. Até com o bater das patas dos cavalos que passavam de vez em quando.
Porque, mais do que português e francês, havia uma bela matéria a ensinar e a aprender. Foi nessa altura que comecei mesmo a aprender essa tal matéria ou disciplina – ou antes, a ter a consciência de que a aprendia.
Eu convivia com jovens (seis turmas de trinta alunas são perto de duzentas) que no princípio de Outubro me eram desconhecidas. Cada uma delas representava a folha de um longo livro que no princípio de Outubro me era desconhecido. Todas eram folhas de um longo livro por mim começado a conhecer. Não há ser humano que seja desconhecido de outro ser humano. Só é precisa a leitura.
Eu tinha agora ali perto de duzentas amigas. Todas aquelas meninas confiando em mim, esperando que as ensinasse; sorrindo, quando eu entrava, assim me ensinavam quanto lhes devia.
Mas um dia. Eu conto como aconteceu o pior. E conto-o hoje, a vós, jovens, que me podem julgar. Julgar-me sabendo este meu erro. E evitarem, assim, um erro semelhante para vós mesmos.
Já era quase Primavera. Na rua não havia árvores nem flores. Só os mesmos carros com o seu peso e a violência da sua velocidade. Gritos de vez em quando. Uma Primavera só no ar adivinhada.
Numa turma uma aluna faltava há dias. Era a Aurora. Morena, de grandes olhos cheios de doçura. Talvez triste. A Aurora estava doente. Num hospital da cidade, numa enfermaria. Num imenso hospital. Olhei o retratinho dela na caderneta.
Retratinho de «passe», num sorriso de nevoeiro de uma modesta fotografia. Tão cheia de doçura a Aurora! Doente, do hospital tinha-me mandado saudades.
— Vou vê-la no próximo domingo — anunciei às companheiras. E tencionava ir vê-la mesmo no próximo domingo.
Mas o próximo domingo foi cheio de Sol. Sol do próprio astro, quente, luminoso. Igual e diferente, ao mesmo tempo, do sol-sorriso das meninas.
E eu, a professora, ainda jovem, que gostava do Sol, fui passear. Ver mar? Campos verdes? Flores?
Já nem me lembro. E da Aurora me lembraria se a tivesse ido visitar.
Começava a Primavera.
Adiei a visita naquele próximo domingo, para outro dia, para outro próximo domingo.
Hoje sei que o amor dos outros se não adia.
Aurora esperou-me toda a tarde de domingo, na sua cama branca, de ferro.
Tinha posto uma fita vermelha a segurar os cabelos escuros. Esperava-me, esperava a minha visita, cuja promessa as companheiras lhe haviam transmitido.
Veio a família: mãe, pai, irmãos, amigos, as colegas.
— Estou à espera da professora…
No dia seguinte a doença foi mais poderosa que a sua juventude, a sua doçura, a sua esperança.
A cabeça escura, sem a fita vermelha, adormeceu-lhe profundamente na almofada, talvez incómoda, do hospital. Sabemos todos já, amigos, que há vida e morte. Também isso temos de aprender.
Não fiquem tristes por isso. Vejam como as flores nascem quase transparentes da terra, como as podemos olhar à luz do Sol, e morrem, para de novo nascerem.
Lembrem-se como de um ovo de pássaro podem sair asas que voem tão alto em dias de Primavera. E morrem, também, e todas as primaveras nascem de novo. E, sobretudo, lembrem-se do coração de cada um de nós, desta força imensa.
E não adiem os vossos gestos. Procurar alguém que sofra, que precise de nós, nem sequer é um gesto generoso, deve ser um gesto natural que se não adia.
Às vezes até precisamos uns dos outros para dizermos que estamos felizes, contentes. Só para isso. Mesmo felizes precisamos dos outros.
*
Aurora ensinou-me para sempre esta verdade.
As lágrimas que por ela chorei já não lhe deram aquela visita do próximo domingo.
Nem a mim a alegria de a encontrar sorrindo, cheia de doçura, com uma fita vermelha a prender os cabelos escuros. Vermelha de sangue, como a vida. O Sol. Flores vermelhas.
Aurora era o seu nome. E a sua vida uma manhã apenas que, na minha distracção ou egoísmo, não tive tempo de olhar. Uma manhã com uma fita vermelha.
Que lágrima nenhuma pode reflectir.
Matilde Rosa AraújoO Sol e o Menino dos Pés FriosLisboa,

Livros Horizonte Lda, 2001
Tolerância

Ser-se capaz de aceitar a diferença é um sinal de maturidade. Aqueles que são diferentes nem por isso são inferiores. É um erro levantar-se barreiras onde deveria existir o diálogo. Actos hediondos têm sido cometidos ao longo dos tempos por governantes cegos pela própria intolerância e por falsas ideias de superioridade que se estenderam às multidões como um rastilho de pólvora.

A estrela de Erika
Nota da autora
Em 1995, cinquenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, encontrei a mulher de que fala esta história. O meu marido e eu estávamos sentados na borda de um passeio em Rothenburg, na Alemanha. Observávamos uns trabalhadores a limparem as ruínas do telhado da Câmara. Na noite anterior, um tornado tinha-se abatido sobre esta bonita aldeia medieval. Havia entulho um pouco por todo o lado. Um velho comerciante disse-nos que os estragos causados por este tornado se assemelhavam aos da última ofensiva dos Aliados durante a guerra. O comerciante entrou na sua loja, e uma senhora, sentada perto de nós, apresentou-se como sendo Erika.
Perguntou-nos se tínhamos vindo fazer turismo naquela região. Quando lhe disse que vínhamos de Jerusalém, onde passáramos duas semanas a fazer pesquisas, confessou- nos, com um suspiro, que desejava muito lá ir mas que não tinha dinheiro para a viagem. Ao ver uma estrela de David pendurada ao seu pescoço, disse-lhe que, no regresso de Israel, tínhamos passado pelo campo de concentração de Mauthausen, na Áustria. Erika confessou-nos que, um dia, tinha tentado visitar o campo de Dachau, mas que não conseguira franquear a porta.
Depois, contou-nos a sua história…
Entre 1933 e 1945, seis milhões de homens e mulheres do meu povo foram mortos. Muitos foram fuzilados. Muitos morreram de fome. Muitos foram incinerados nos fornos ou asfixiados nas câmaras de gás. Eu escapei.
Nasci em 1944.
Não sei o dia.
Não sei como me chamava ao nascer.
Não sei em que cidade nem em que país nasci.
Não sei se tive irmãos ou irmãs.
O que sei é que, apenas com alguns meses, escapei ao Holocausto.
Imagino muitas vezes como teria sido a vida dos membros da minha família durante as últimas semanas que passámos juntos. Imagino o meu pai e a minha mãe, despojados de todos os seus bens, forçados a abandonar a casa, enviados para o gueto.
Talvez depois tenhamos sido expulsos do gueto. De certeza que os meus pais tinham pressa de deixar o bairro rodeado de arame farpado para onde tinham sido relegados, de escapar ao tifo, ao excesso de pessoas, à imundície e à fome. Mas teriam alguma ideia do local para onde estavam a ser enviados? Ter-lhes-iam dito que iam para um local mais acolhedor, onde teriam comida e trabalho? Terão chegado até eles os rumores sobre os campos da morte?
Pergunto-me o que terão sentido quando os conduziram à estação, juntamente com centenas de outros judeus. Amontoados num vagão de transporte de animais. De pé, uns contra os outros, por falta de espaço. Terão entrado em pânico quando ouviram correr os ferrolhos?
De aldeia em aldeia, o comboio deve ter atravessado paisagens campestres estranhamente poupadas ao terror. Durante quantos dias ficámos naquele comboio? Quantas horas os meus pais passaram apertados um contra o outro?
Imagino que a minha mãe devia ter-me bem encostada a ela para me proteger dos maus cheiros, dos gritos, do medo, que reinavam neste vagão lotado. Tinha de certeza compreendido que não íamos para um lugar seguro.
Pergunto-me onde estaria exactamente. No meio do vagão? O meu pai estaria junto dela? Ter-lhe-á dito que fosse corajosa? Terão falado do que iam fazer?
Quando teriam tomado aquela decisão? Será que a minha mãe disse “Desculpa. Desculpa. Desculpa.”? Terá aberto a custo um caminho por entre aquela mole humana até à janela do vagão? Terá murmurado o meu nome ao embrulhar-me num cobertor bem quente? Terá coberto a minha cara de beijos e dito que me amava? Terá chorado? Rezado?
Logo que o comboio abrandou, ao atravessar uma aldeia, a minha mãe deve ter espreitado pela fresta do vagão. Ajudada pelo meu pai, deve ter afastado o arame farpado que ocultava a abertura. Deve ter esticado os braços para a luz pálida do dia. A única coisa que sei com toda certeza foi o que aconteceu a seguir.
A minha mãe atirou-me pela janela do comboio.
Atirou-me para cima de um pequeno quadrado de relva, junto de uma passagem de nível. Havia pessoas à espera que o comboio passasse; viram-me cair do vagão de carga. No caminho que conduzia à morte, a minha mãe lançou-me à vida.
Alguém pegou em mim e levou-me para casa de uma mulher que se ocupou de mim. Que arriscou a vida por mim. Calculou a minha idade e atribuiu-me uma data de nascimento. Decidiu que me chamaria Erika. Deu-me um lar. Alimentou-me, vestiu-me, mandou-me à escola. Fez tudo por mim.
Casei aos vinte e um anos com um homem maravilhoso. Aliviou muita da tristeza que me assaltava com frequência, percebeu o meu desejo de pertencer a uma família. Tivemos três filhos, que hoje têm os seus filhos também. No rosto deles, reconheço o meu.
Dizia-se outrora que o meu povo seria um dia tão numeroso como as estrelas do céu. Entre 1933 e 1945 caíram seis milhões de estrelas do céu. Cada uma delas corresponde a um membro do meu povo, cuja vida foi rasgada, cuja árvore genealógica foi arrancada.
A minha árvore lançou raízes.
A minha estrela ainda brilha.

Ruth Vander Zee; Roberto InnocentiL’étoile d’ErikaToulouse,
Milan Jeunesse, 2003
tradução e adaptação

Valores humanos- Fortelaza

Fortaleza

A vida tem reviravoltas súbitas e as dificuldades surgem quando menos se espera. Mas é um erro responder com agressividade ou cair no desânimo. A atitude correcta é procurar compreender o sentido dessas dificuldades e não se deixar intimidar por elas.

A cor dos olhos

Naquele tempo, que não era como o tempo de hoje, os leões já tinham quatro patas mas, tal como os elefantes, não podiam meter-se por dois caminhos ao mesmo tempo!
Naquele tempo
naquela aldeia
havia Fati e Issa.
Fati dormia deitada numa esteira, sempre de barriga para baixo. Durante esse tempo, Issa sonhava deitado de costas, na cabana da mãe.
Uma manhã, Issa convidou Fati para ir com ele à pesca, no grande riacho.
― Fati, vens ou não pescar?
― Vou, mas… e se o peixe não morde?
― Ficamos à espera.
Partiram com ele à frente, como sempre.
Fati, que era cega, seguia-lhe os passos.
A mãe dela, como todas as mães da aldeia, sabia fazer um bom molho com sementes e também uma mistura saborosa de inhame. O pai conhecia os remédios contra as serpentes e os génios malfazejos, e contra os anões ruins do mato que só fazem mal!
Mas nem o pai nem a mãe sabiam transformar os olhos que não vêem em olhos que vêem!Fati e Issa caminhavam num estreito carreiro vermelho.
Issa viu pássaros tecelões dar reviravoltas perto das folhas de um embondeiro.
Fati ouviu-os chilrear.
Tinha posto na cabeça um lenço para se proteger um pouco. Tal como Issa, sentia o sol a queimar-lhe os ombros como se fosse uma fogueira no mato.
Não sabia nada da forma zombeteira das sombras, sempre um pouco maiores, mas conseguia adivinhar a grande boca do sol que sugava o céu com gulodice.
Chegaram ao riacho.
― A água está bem desperta ― gritou Issa.
Fati mergulhou o dedo e exclamou:
― Esta água está toda molhada!
Issa preparou uma linha para Fati e outra para ele.
Deitaram-nas à água. Passou algum tempo.
Issa inclinou-se para Fati e murmurou-lhe, quase a morder-lhe a orelha:
― Não te mexas, vou andar alguns passos.
― Porquê?
― O sol está muito forte. Talvez encontre uma jujubeira que nos dê sombra.
Afastou-se, apressado, para fazer algo que ninguém poderia ter feito por ele!
Nada acontece sem se fazer anunciar…
Fati, com a linha entre os dedos, estava tão imóvel como uma velha termiteira, quando sentiu um abanão na mão. Quando sentiu o segundo abanão, foi como se estivesse à espera dele, precisamente naquele momento. Puxou com um gesto seco e, quando ouviu a água a salpicar, não teve dúvidas: era mesmo um peixe que tinha mordido o isco e que ela estava a pescar. Com cuidado, para não assustar nada nem ninguém, levantou-se, puxando sempre a linha com a mão.
Agarrou o pequeno peixe que dançava agarrado ao isco.
Disse em voz alta, para si própria: “É de certeza uma carpa, uma carpa pequena e linda.”
― Uma carpa que preferiria voltar para a água em vez de assar ao sol — respondeu-lhe uma voz.
― És tu, Issa?
― Não é o Issa, sou eu ― respondeu-lhe a carpa.
― Mas quem está a falar? ― perguntou Fati.
Não obteve resposta. Pensou que tinha sonhado.
Com cuidado, tirou o peixe do isco.
― Ufa! Obrigado. Assim está melhor ― ouviu.
― Mas de quem é esta voz que não conheço?
― É minha. Sou a carpa que acabas de pescar, não vês?
― Não. Tenho olhos mas não vejo.
A carpa, que era menos medrosa do que uma tartaruga e mais faladora do que um quimbanda lisonjeador, continuou a falar.
― Será que me podes dizer o teu nome, tu que me pescaste?
― Fati.
― Fati, se voltares a pôr-me na água do riacho, posso dar-te o mais belo dos presentes.
― O que é o mais belo dos presentes?
― É o que quiseres… exactamente o que quiseres.
― Não existe o mais belo dos presentes.
― Existe, sim!
Fati pôs-se a rir e disse à carpa:
― Pequeno peixe, podes ofender o génio da água com as tuas mentiras.
― Não estou a mentir.
― Então faz-me ver o mundo com os meus dois olhos.
― O mundo inteiro?
― O mundo inteiro.
Sem pensar duas vezes, o pequeno peixe disse a Fati:
― Pega em duas das minhas escamas, e põe uma em cada olho.
― Depois…
― Depois, nada. É tudo. Verás o que quiseres ver.
Fati pegou em duas escamas e fez o que a carpa lhe tinha dito. Então, começou a ver de verdade, e os seus dois olhos tocaram o mundo.
― Agora, podes ver quase tudo ― disse-lhe a carpa.
― Porquê “quase”?
― Podes ver tudo, excepto os teus olhos. Com os próprios olhos, ninguém pode ver os seus próprios olhos.
Fati pôs o pequeno peixe no riacho e ele continuou a viver como um peixe na água.
Issa chegou.
Fati, que nunca o tinha visto, viu-o aproximar-se.
― Issa, estou a reconhecer-te.
― É lógico, porque me conheces.
― Reconheço-te com os meus olhos, não apenas com os ouvidos!
Issa tinha parado a dois passos de Fati. Olhava-a bem de perto, e assim podia ver-lhe os olhos.
Exclamou:
― Mas o que é que se passa? Lavaste os olhos no céu?
― E porque dizes isso?
― Fati, os teus olhos estão azuis como o céu. Continuas negra, mas tens os olhos cor do céu!
Fati contou-lhe tudo.
Quando chegaram à aldeia, Fati ficou espantada por ver um só mundo com os dois olhos.
No dia seguinte, de manhã, ouviram a aldeia a murmurar.
Issa, que continuava a dar-lhe a mão, escutou as vozes ao mesmo tempo que ela.
Viram chegar as três co-esposas do pai de Fati, e outras mulheres, e alguns homens. Tinham a boca cheia de maldades e gritavam. A seguir, chegaram os da aldeia. Eram piores do que animais loucos do mato. Gritavam:
― Bruxa!
― Fati, vai-te embora!
― Não passas de uma bastarda do céu!
― Bruxa azul! Deixa-nos, vai-te embora para sempre, tu e os teus olhos azuis!
― Excremento de abutre!
Puseram-se a atirar-lhe pedras e Fati não encontrou outra solução senão fugir. Issa, quetentara defendê-la, teve de fazer o mesmo.
Depois de uma longa corrida, chegaram ao fundo, ao fim do fim, um pouco mais longe do que o horizonte.
― Fati, eu gosto de ti.
― Não tens medo dos meus olhos?
― Fati, eu gosto de ti.
Tinham-se sentado frente a frente, à sombra de uma jujubeira.
Fati perguntou:
― Será que fechando os olhos, acabamos com a maldade?
― Não… não se acaba com nada. Se fechares os olhos, nem sequer acabas com as cóleras do mato.
Calaram-se. Issa tomou as mãos de Fati nas suas. Fati tinha dois olhos para ver e chorar.
Murmurou-lhe:
― Eles têm medo. Estão cativos do medo que têm, e o medo faz esquecer o coração…
Nesse dia, nesse tempo, que se parecia muito com o tempo de hoje, Fati e Issa tinham o coração ferido como uma velha cabaça.
Levantaram-se e afastaram-se ainda mais da aldeia, talvez para encontrar a fonte dos quatro ventos do céu, aqueles que fazem as mesmas cócegas em todas as cores do mundo.
Muitas estações das chuvas deram lugar a muitas estações secas.
E ontem, na aldeia, um grande pássaro negro pousou na bela árvore vermelha florida. Era um calau.
Um calau negro de olhos azuis. Sim, negro de olhos azuis! Todos o acharam belo.
Este calau era um sinal. Logo que parou na grande árvore da aldeia, Fati e Issa chegaram.
Fati sorria tal como Issa. Foi ela quem disse:
― Bom dia, estávamos tão longe há tanto tempo… eis-nos aqui, os dois.
― Bom dia!
― Bom dia…
Foram muitos os que lhes ofereceram a água das boas-vindas.
No dia seguinte, Issa começou a construir a cabana deles.
Tal como acontecera com os pais deles, foi na sua aldeia que tiveram os filhos.
E foi assim.
Foi o quimbanda quem mo disse.

Yves Pinguilly, Florence KoenigLa couleur des yeuxParis,
Autrement Jeunesse, 2001tradução e adaptação

Compaixão

As pessoas têm tendência para se alhear dos sofrimentos dos outros ou para os minimizar. Aqueles que vivem sem dificuldades esquecem que há pessoas em situação de grande pobreza, e aqueles que têm saúde não apoiam os que estão doentes. É necessário aprender-se a sentir compaixão.


Um gato debaixo do pinheiro de Natal

Porque a vida habitava nela, a possuía, a menina reconhecia a morte inscrita no reverso de qualquer momento de felicidade, de qualquer instante feliz. Brincava no cemitério como se fosse um jardim.
— O gato cinzento está com mau aspecto — observa Laura, empoleirada no alto do pequeno muro que separa o jardim do baldio. Mas o pai está a cortar a sebe e não ouve o que ela diz.
— O gato cinzento está com mau aspecto; acho que está doente… — insiste ela.
A mãe não ouve, ocupada também a arrancar as ervas do passeio, o que Laura, aliás, também devia estar a fazer para a ajudar.
Então Laura repete para si, em voz baixa e grave:
— Parece que o gato cinzento vai morrer.
O gato sem nome nem casa tem o pelo descaído e o salto lento; não liga aos pássaros, já não tem fome, foge do sol e abriga-se entre dois pés de urtigas.
— É preciso chamar o veterinário — sugere Laura.
— Nem penses! Ele tem mais que fazer do que tratar os gatos vadios.
Desta vez, a mãe sempre resolvera responder.
— Não é vadio, porque eu acolhi-o e gosto dele — retorquiu Laura.
Laura só faz o que lhe apetece. Amanhã, a caminho da escola, vai bater à porta do veterinário, como fez da outra vez por causa de um passarinho caído do ninho e de um ouriço-cacheiro meio esmagado por uma bicicleta. É um veterinário idoso muito simpático, que não a manda dar uma volta.
“Amanhã vou esconder o gato na minha pasta, está decidido.”
No dia seguinte, não consegue encontrar o gato em lado nenhum e são já mais que horas de ir para a escola. Laura vai então sem o gato. Bate à porta do veterinário para pedir um conselho.Mas é a mulher que vem à porta e lhe dá uma resposta seca:
— O meu marido está inundado de trabalho.
“Inundado”? O rio inunda as terras; a banheira, quando demasiado cheia, inunda o quarto de banho… mas um veterinário “inundado”? Então, quem há-de aconselhar Laura? Não quer que se riam dela, não quer ser motivo de troça.
Durante o recreio do meio-dia, Laura escapuliu-se do pátio. Se a professora soubesse! Se a mãe a visse! Ela sabe que pode ser suspensa por três dias: “Que falta de responsabilidade!”. Ela bem sabe, mas o gato cinzento está com tão mau aspecto…
Que surpresa! É um rapaz novo que vem atender.
— O meu pai vai aposentar-se e sou eu que vou substitui-lo — explica com gentileza, ao ver o espanto de Laura.
Ela gaguejou ao falar do gato e o veterinário compreendeu num ápice:
— Esta tarde, Laura, não tenho muito trabalho, e por isso vou dar uma volta para esse lado.
Depois das quatro horas, ao regressar da escola, Laura encontrou um bilhete que a mãe lhe leu:
Lamento! Tive de ajudar o teu gato a partir sem sofrer demasiado… Foi pena, mas era melhor para ele. Quando quiseres…
Até breve, Laura!
Sérgio
Laura ouviu a mãe falar a sério de eutanásia, de injecção, e concluir por fim:
— Tens um amigo novo. Sérgio é um nome estranho, que me faz pensar no tecido do casaco que eu usava quando tinha a tua idade e que…
Mas ela não tinha vontade de ouvir as recordações da mãe. Foi chorar sozinha para cima do pequeno muro. Perguntou a si mesma para onde teria Sérgio levado o gato morto. Pareceu-lhe tê-lo visto, cinzento e de pêlo brilhante, escapar-se por entre as ervas altas; bem sabe que foi uma ilusão. Depois, o pintarroxo-que-tinha-medo-do-gato voltou para o terraço e Laura riu-se das suas bicadas ávidas. Saltou rapidamente do seu posto de observação para ir buscar migalhas frescas.
Junto do pinheiro de Natal, está um presente que dá saltos. Contrariamente ao habitual, a mãe sugere que se abram as prendas de Natal antes da missa do galo. Laura nem quer acreditar. Há muitas coisas a mudar nesta casa, de há uns tempos para cá. Talvez desde que o pai “esteve às portas da morte”, como diz a avozinha. Laura ficou a saber que isso significa escapar à morte. Terá ela suspeitado da gravidade do estado de saúde do pai, encontrado desmaiado no jardim enquanto ela estava na escola?
No entanto, ele está aqui esta noite, o pai, bem vivo e a rir-se, quando a mãe mostra à Laura a prenda que mexe: um gatinho cinzento.
— Parece filho do gato cinzento. Amanhã vou logo apresentá-lo ao Sérgio.

Colette Nys-MazureContes d’EspéranceParis, Desclée de Brouwer,
1998tradução e adaptação
Publicado em

Valores humanos

A casa que o amor construiu
Generosidade

O gesto de dar nem sempre é espontâneo. Os primeiros impulsos costumam ser egoístas e necessitam, por isso, de ser contrariados. A atenção aos outros ajuda ao desabrochar da virtude da generosidade. Em contrapartida, a presunção fecha a pessoa em si própria e torna-a insensível às necessidades daqueles que a rodeiam. O instinto de tudo guardar para si é contrário à vida em sociedade e causa de sofrimentos e privações.

A casa que o amor construiu

Esta história é verdadeira. Passou-se em França depois da Primeira Guerra Mundial, durante a qual uma aldeia inteira foi destruída pelos combates.
Marie acordou sobressaltada na escuridão cerrada e sentiu o cheiro familiar da sujidade. O seu pequeno corpo estremeceu com o frio húmido. Enquanto se levantava para arranjar a cama feita de trapos e de serapilheira no chão sujo, o pesadelo que lhe tinha abalado o sono pairava sobre ela como uma nuvem negra. Tinha todas as noites o mesmo pesadelo.
Começava sempre com um sonho agradável. Via a sua aldeia francesa muito amada. Depois via-se a sair da casa velha e aconchegante com a Mãe e a Avó e a passar pela rua estreita. Debaixo de quase todas as janelas, havia floreiras garridas cujas flores abanavam ao vento. O Sol resplandecia no campanário da igreja. Mas havia uma reverberação assustadora que vinha na direcção da aldeia: a reverberação das armas.
Marie estremeceu de novo, à medida que sentia que o sonho feliz se tornava um terrível pesadelo. Vinham-lhe à cabeça recordações assustadoras. Aterrorizadas, a Mãe e a Avó tinham-na arrastado para as árvores. Aí, deitaram-se por terra. Soldados de uniforme azul passavam em colunas. Armas! Lutas! Explosões e gritos! Fogo! Quando tudo acabou, a aldeia deixara de existir.
À medida que a guerra se afastava, Marie, a Mãe e a Avó vasculharam, em lágrimas, o cascalho em que a sua casa se transformara. A pequena família mudou-se para uma antiga cave. “Como toupeiras nos buracos do chão”, pensara Marie, com tristeza.
Enfiou-se nos trapos e voltou a cair num sono irregular. Os soldados continuavam a marchar na sua cabeça. Depois dos soldados franceses em uniformes azuis, tinham vindo os soldados alemães em uniformes verdes. Para alívio de todos, depressa se foram embora. Depois vieram os uniformes caqui dos americanos. Os americanos riam-se e entregavam moedas francesas aos miúdos ávidos. Mas, quando partiram, a aldeia continuou em ruínas.
Quando Marie acordou, o Sol brilhava através das fendas nas tábuas velhas que serviam de tecto. Ao ouvir sons estranhos, sentou-se num ápice. Algo de diferente estava a passar-se naquela manhã. Perguntava-se que sons seriam aqueles.
— Mãe, será que os soldados voltaram? — perguntou ansiosamente.
— Não, minha querida. Vai lá acima ver quem chegou.
A Mãe parecia estranhamente contente. Marie atirou com os trapos e subiu os degraus periclitantes da cave. Viu de imediato que outros homens de uniforme cinzento tinham vindo para a aldeia.
— Oh, Mãe! — gritou excitada depois de os observar por algum tempo. — Os soldados trazem serras e martelos, em vez de armas. Estão a construir casas.
Pensou que eram soldados porque traziam uniformes. Mas não eram soldados. Eram trabalhadores britânicos e americanos.
Teve uma ideia súbita. Desceu os velhos degraus a correr e pegou numa meia velha onde estavam seis cêntimos franceses que os soldados americanos lhe tinham dado. Era o único dinheiro que a sua família tinha. Enquanto voltava a subir as escadas, um misto de esperança e ansiedade fazia-a tremer a cada degrau. Correu para o chefe dos homens vestidos de cinzento.
Timidamente, estendeu a meia e mostrou-lhe os seis cêntimos.
— O senhor pode construir-me uma casa por seis cêntimos?
O homem pareceu surpreendido e pediu-lhe para repetir a pergunta. Quando finalmente compreendeu, não se riu nem sorriu, mas respondeu muito seriamente:
— Bem, Menina, veremos o que se pode fazer.
Não disse “Sim”, mas também não disse “Não”. Marie montou guarda todos os dias para ver o que aconteceria. Uma por uma, foram-se construindo casas pequenas para outras pessoas. As casas eram pequenas e simples mas, para Marie, eram bonitas. Como ansiava por um chão de madeira limpo para varrer e um belo telhado de telhas vermelhas para impedir a chuva de entrar!
Será que se iriam embora sem construir uma casa para a sua família? Enquanto esperava e observava, a cave parecia-lhe mais escura e húmida do que nunca. Quando estava quase a desistir de esperar, Marie obteve a sua resposta. A resposta era “Sim”. A casa de Marie, tal como as outras, foi construída em apenas três dias. Para ela, era a casa mais bela do mundo.
No dia em que acabaram de a construir, o chefe dos homens de cinzento entregou a chave da porta de entrada a Marie com muita cerimónia, dizendo: — Menina, a sua chave.
Marie pegou nela e abriu oficialmente a porta, enquanto a Mãe, a Avó e toda a aldeia a observavam.
Parou de repente, como se se recordasse de algo. Prometera-lhes os seis cêntimos pela casa, por isso, esta ainda não era propriedade sua.
Voltou rapidamente a descer os velhos degraus da cave e, quando voltou, dirigiu-se ao chefe dos homens de cinzento. Agora que estava acabada, a casa parecia grande e os seis cêntimos pareciam pouco. Mas era tudo o que ela tinha, e foi-os contando à medida que os colocava na mão do chefe.
Será que chegava? Quase nem se atrevia a olhar para o homem. Este sorriu-lhe e disse solenemente (em francês, claro):
— Obrigado, Menina, mas quatro cêntimos são suficientes.
E deu-lhe de volta dois cêntimos.

William W. PriceM. Clark; E. Briggs;
C. PassmoreLighting candles in the darkPhiladelphia, FGC,
2001tradução e adaptação
Determinação
Sempre que se tem um objectivo a alcançar, deve-se ter também a força de vontade necessária para se levar a cabo o que é pretendido. A tentação de desistir é grande, sobretudo quando os obstáculos começam a surgir. Mas estes também têm a sua utilidade, porque ajudam a crescer interiormente.

A árvore que falava
Longe, muito longe… bem no coração da savana, vivia uma árvore maior e mais velha do que qualquer outra.
Abrigava, sob a sua corcha, toda a sabedoria de África.
A seus pés, por entre as altas ervas, a leoa espiava o antílope ou a zebra que se tinham afastado do grupo. Como era a única árvore das redondezas, os pássaros, que se empoleiravam nos ramos mais altos, conheciam-na bem. Também as girafas, que comiam as folhas dos ramos do meio, a conheciam. E os leões, que se estendiam sob os ramos baixos para fazerem a sesta…
E assim a árvore conhecia todos os segredos dos pássaros, dos leões, das girafas, das zebras e de muitos outros animais. É que ela escutava com todas as suas folhas.
Até os homens vinham sentar-se debaixo dela no momento das grandes decisões, discutindo os assuntos sérios à sombra dos seus ramos.
A árvore sabia mais sobre o povo dos homens do que o mais velho dos anciãos e o mais sábio dos sábios. Porque ela sabia calar-se, enquanto eles gostavam de falar.
Mas a árvore não guardava para si o seu saber: àqueles que tinham os ouvidos atentos, ela murmurava, em confidência, a resposta a muitas questões.
Quando os seus filhotes estavam suficientemente grandes para voar, as andorinhas, as cotovias e os estorninhos tinham por hábito levá-los até à árvore. Ao cair da noite, esta enchia-se de chilreios. Passado algum tempo, com três bicadas, os pais faziam calar os mais palradores.
E cada um escutava o murmúrio que subia da raiz mais profunda até ao raminho mais alto.
No dia seguinte, os jovens sabiam um pouco mais da arte de voar em ziguezague para enganar as aves de rapina que mergulham sobre as presas.
E a águia ou o milhafre regressavam às montanhas de mãos a abanar, perguntando-se por que milagre todos os passarinhos daquele canto da savana se tinham tornado, de repente, tão espertos!
E cada girafinha que partia a mascar um punhado de folhas da árvore ficava a saber um pouco melhor como evitar a leoa que caçava. E, misteriosamente, cada leãozinho, depois da sesta ao pé da árvore, desconfiava um pouco mais do riso da hiena que rondava à procura de uma presa fácil.
Mas os homens, esses, partiam tão sisudos e estúpidos como tinham vindo, e a sua tagarelice nada lhes tinha ensinado porque não sabiam escutar.
Eram orgulhosos e arrogantes. Incendiavam a savana com os seus fogos e matavam mais animais do que aqueles que precisavam para se alimentar. Matavam-se até uns aos outros. E chamavam a isso «a guerra».
A árvore falava-lhes, como a todos, mas os homens não a escutavam.
Por causa deles, a árvore ficou triste. Pela primeira vez, sentiu-se velha e cansada. Se pudesse, ter-se-ia deitado para esquecer. Mas quando se é uma árvore, é preciso ficar de pé a recordar…
Foi então que as suas folhas amareleceram e secaram e, em breve, ficou nua no meio da savana. Os pássaros começaram a desdenhar dos seus ramos e os leões e as girafas também, porque ela deixou de lhes falar.
E todos diziam que ela estava morta.
* * *
Por muito tempo a árvore seca ficou de pé.
E parecia que nada viria alguma vez a mudar…
O milhafre da montanha estava contente e as hienas riam-se.
A leoa perdeu um leãozinho, a girafa uma girafinha e a andorinha, três passarinhos que mal sabiam voar.
Mas, uma manhã, veio um pequeno homem com um ar decidido. Tinha o olhar de uma criança, e esse olhar não refletia nem fogo nem sangue. As suas mãos não agarravam nem arco nem zagaia. Contudo, era um homem.
Parou ao pé da árvore seca, estendeu os braços e, com as pontas dos dedos, tocou no tronco, muito devagar, ao de leve, como se acordasse alguém que dorme. A corcha estremeceu.
E a voz do pequeno homem subiu ao longo da árvore, terna como um cântico muito antigo. O homem falava à árvore, cheio de simplicidade. Depois, calou-se. E encostando a orelha ao tronco, escutou. O vento nos ramos parecia formar palavras e frases. E quanto mais a árvore falava, mais a expressão do homem se iluminava.
Quando a árvore terminou, o homem partiu. Quando voltou, trazia um machado aos ombros. Uma vez perto da árvore, levantou a cabeça em direcção aos ramos e murmurou algumas palavras em tom de desculpa. Depois, firme nas suas pernas, com o cabo do machado bem preso nas mãos, começou a cortar o tronco.
E a madeira ressoou na savana, até aos limites do deserto e das montanhas.
Cada pássaro, cada leão e cada girafa reconheceram a voz da velha árvore.
Todos acorreram para junto dela, mas apenas encontraram um cepo e algumas aparas espalhadas pelo solo.
É que o pequeno homem, ajudado por alguns da sua aldeia, tinha levado a árvore até casa.
E, com medo dos homens, os animais não se atreveram a segui-lo.
Uma vez chegados à aldeia, o homem pôs-se a trabalhar. Tinha uma grande ideia: para que a voz de madeira da velha sábia percorresse de novo a savana, iria fazer um tantã.
Um tantã mais sonoro e maior do que qualquer outro. Suficientemente longo para que todos os homens da tribo pudessem tocar em conjunto.
Quando o homem pegava de novo no machado para podar os ramos e deixar, assim, o tronco livre, aqueles que tinham carregado a árvore com ele fizeram-lhe sinal que parasse:
— Pequeno homem, nós ajudámos-te — disseram os homens fortes com as suas vozes grossas. — O nosso trabalho deve ser pago.
— Mas… com que é que vos vou pagar? Eu não tenho nada, bem sabem!
— Deixa-te disso! — insistiram os homens fortes. — Trouxemos a tua árvore, dá-nos a nossa parte.
— Não pode ser — protestou o homem. — É preciso que o tronco fique inteiro para o tantã. Se não, como é que a tribo poderá tocar?
Os homens obstinavam-se a reclamar a sua parte da madeira e o assunto foi levado ao Conselho dos Anciãos.
* * *
Era uma assembleia de homens muito velhos e muito tagarelas. Sempre prontos a pronunciar uma sentença ou um julgamento, tanto a propósito do que conheciam como do que ignoravam. Nada lhes agradava mais do que reunirem-se quando lhes pediam um conselho, e também quando não lhos pediam! Ora, o Conselho tinha por hábito reunir-se debaixo da grande árvore, e os velhos sentiam-se desamparados… pois a árvore tinha sido cortada! O mais velho dos Anciãos, um pequeno velhinho com a face enrugada como uma ameixa seca, agitou o cachimbo por cima da cabeça e tomou a palavra:
— O Conselho não se pode reunir por falta de um lugar adequado.
E expeliu uma baforada do seu cachimbo.
Os outros membros do Conselho, sentados em círculo, aprovaram com um movimento de cabeça, expeliram, cada um, uma baforada do seu cachimbo e guardaram silêncio.
Os homens fortes, que queriam a sua parte da árvore, e o pequeno homem, que nada queria, não sabiam o que fazer.
Impaciente por começar o trabalho, o homem avançou para dentro do círculo, curvou-se respeitosamente diante do mais velho dos Anciãos:
— Digam-me apenas se posso começar o meu trabalho, já que estais aqui reunidos.
— É verdade que estamos aqui — respondeu o Ancião. — Mas o Conselho não está reunido. Por isso, não pode dar a sua opinião.
Expeliu uma outra baforada e calou-se.
Os homens fortes, impacientes por levar a madeira que lhes cabia, inclinaram-se, por sua vez, diante dos Anciãos e disseram:
— Digam-nos apenas se podemos pegar na nossa parte.
O Ancião nem se deu ao trabalho de responder. Limitou-se a expelir uma baforada do cachimbo e permaneceu em silêncio.
Mas o mais forte, que também era o mais impaciente, deu um passo em frente.
De imediato, o velho homem largou o cachimbo e, com uma voz trémula, acrescentou precipitadamente:
— O Conselho vai reunir… para decidir onde terá lugar o próximo Conselho.
O discurso enfadonho que se seguiu poderia ter durado até ao final dos tempos, se o Conselho não tivesse acabado por decidir… que decidiria mais tarde!
De seguida, os velhos aconselharam o pequeno homem a dar aos homens fortes o que eles pediam. Depois, reclamaram, por sua vez, um pedaço da árvore como recompensa pelo sábio conselho. E o pequeno homem assim o fez, porque era costume dar uma prenda aos Anciãos, como agradecimento pelos seus conselhos.
E cada um se apressou a serrar, a rachar e a atar.
E o pedaço de árvore não tardou a transformar-se em achas, toros e feixes para queimar.
Os homens acendiam fogueiras à volta da aldeia para manter afastados os animais selvagens. Ignoravam que os animais tinham ainda mais medo deles do que das suas fogueiras.
* * *
Um pouco desiludido, o pequeno homem reparou na diminuição do tronco, mas disse para si mesmo que, apesar de tudo, ainda chegava para fazer um bom tambor para a tribo.
Lançou-se ao trabalho, cheio de coragem. O machado, no entanto, não era muito adequado para o descortiçamento, por isso decidiu ir a casa de um vizinho pedir emprestado um podão, cuja lâmina curvada faria melhor o serviço. Como era hábito, o vizinho estava a fazer a sesta e o pequeno homem acordou-o para lhe fazer o pedido.
— Ah! És tu? — disse o vizinho, bocejando como um hipopótamo. — O que queres de mim?
— Podias emprestar-me o teu podão? — perguntou muito educadamente o pequeno homem.
— Eh! — respondeu o vizinho, tão amável quanto um crocodilo a quem interromperam a digestão. — Não me deixas dormir com esse barulho todo… E ainda por cima queres que te empreste o meu podão! E se eu precisar dele?
— Mas… é só por um dia! Amanhã já terei acabado!
— O que me dás em troca?
— Sabes bem que não tenho nada de meu.
— Ah não? E essa árvore? É tua, não é?
— Sim, mas… — começou o pequeno homem.
— Pois bem, dá-me um pedaço para alimentar a minha fogueira e emprestar-te-ei o meu podão.
Assim se fez, já que mais ninguém na aldeia tinha a ferramenta de que o pequeno homem precisava.
Um pouco desiludido, atentou no tronco, agora mais pequeno. No entanto, havia ainda madeira para fazer um tantã para a tribo.
Lançou-se ao trabalho, cheio de coragem. E o descortiçamento depressa terminou.
Mas, quando quis cavar o tronco, apercebeu-se de que não tinha cinzel para o fazer.
De certeza que o vizinho tinha um, mas será que lho emprestaria sem reclamar mais um pedaço da árvore?
Infelizmente, mais ninguém da aldeia tinha cinzel. E era preciso acordar novamente o hipopótamo, amável como um crocodilo.
— Tu, outra vez! — bocejou o vizinho. — O que queres?
— Desculpa — disse o pequeno homem com a sua voz gentil. — Vim devolver-te o podão… e pedir-te, em troca, um cinzel, se fazes o favor.
— Em troca? — zombou o vizinho. — Não há troca nenhuma porque o podão é meu. Dá-me um pedaço de madeira para a minha fogueira e emprestar-te-ei o meu cinzel.
* * *
Assim foi feito. E o pequeno homem, um pouco desiludido, atentou no tronco muito curto. Ainda podia fazer um bonito tantã, não para toda a tribo, mas, mesmo assim, um bonito tantã. Cheio de coragem, meteu mãos à obra e depressa cavou o tronco. Faltava apenas endurecê-lo ao lume, para que fosse mais sólido e para que o seu som chegasse mais longe.
Mas o pequeno homem não tinha fogueira e já havia dado tanta madeira aos outros que não possuía o suficiente nem para atear um fogo. Claro que a fogueira do vizinho crepitava, um pouco mais longe, mas não ousava acordá-lo pela terceira vez.
Foi então pedir aos homens fortes a permissão de passar o seu tantã pelo fogo.
— De acordo, — disseram eles — mas com a condição de pores uma acha na nossa fogueira, como todos fazem.
— Mas… já não tenho madeira, já vos dei tudo! — respondeu.
— Ah sim? E isto, isto não é madeira? — perguntou o mais forte dos homens fortes, indicando o pequeno tantã.
Com a morte na alma, o pequeno homem teve de se resolver a cortar um pedaço do tantã antes mesmo de lhe ter ouvido a voz.
E quando pensou naquilo que lhe restava do imenso tronco que a árvore lhe tinha dado, esteve quase para se sentar a chorar e abandonar o seu belo projecto.
Mas caiu de novo em si e disse para si mesmo que, apesar de tudo, se não chegasse para um tantã, chegaria para fazer um grande tambor.
Cheio de coragem, meteu mãos à obra e o que restava do tantã foi rapidamente convertido em djembé. (Djembé é o nome que se dá em África a esta espécie de tambor). Mas o pequeno homem apercebeu-se de que lhe faltava uma pele de cabra para o tambor.
Partiu então à procura do rebanho de cabras. A rapariga que as guardava era ainda quase uma criança, e o pequeno homem pensou que seria mais fácil falar com ela.
— Bom dia — disse à criança.
— Bom dia — respondeu ela. — És tu que dás madeira a toda a gente em troca de uma ferramenta ou de lume?
— Sim, quer dizer… — começou ele.
— O que queres de mim? — interrompeu a criança.
— Apenas uma pele de cabra, uma daquelas que tens por aí. Mas já não tenho madeira para te dar.
— É pena — disse a rapariga. — Porque também eu necessito de um pouco de madeira. Para afastar os leões do meu rebanho não há nada melhor do que uma boa fogueira, disseram-me os Anciãos.
— Oh, por favor, dá-me uma pele. Bem vejo que não te fazem falta — suplicou o pequeno homem.
— Pelo contrário, as minhas peles, troco-as por madeira! — retorquiu a criança.
E, como mais ninguém na aldeia tinha peles de cabra, o homem foi obrigado, uma vez mais, a cortar um pedaço do tambor.
* * *
A pele de cabra era dura e seca, frágil como uma corcha. Antes de a colocar no tambor, era preciso macerá-la, fervê-la, esticá-la, batê- la, para a tornar mais suave e tão sólida como o couro.
Só faltava levá-la ao curtidor.
Aquele que curtia todas as peles da tribo morava sozinho fora da aldeia, perto do rio. O seu trabalho requeria muita água. E os outros não tinham querido que ele se instalasse perto, devido ao cheiro insuportável das peles molhadas.
Mas, por mais longe que o curtidor morasse, também ele tinha ouvido falar da árvore abatida. Por sua vez, reclamou uma parte, como prémio do seu trabalho.
— Mas já não há nenhuma árvore! — lamentou-se o pequeno homem. Ficou apenas um tambor!
— De acordo — concluiu o curtidor. — Contentar-me-ei com um bocado do tambor.
E o pequeno homem cortou e deu-lhe a madeira, e a pele foi curtida, seca e ficou pronta a ser colocada no djembé.
Quando quis esticá-la, deu-se conta de que lhe faltava uma corda para o fazer.
Foi então à procura daquele que na aldeia melhor sabia entrançar cordas. É que a corda que estica a pele de um djembé tem de ser sólida.
Tal como os outros, o entrançador de cordas pediu um pouco de madeira. Apesar dos seus protestos e lamentos, o pequeno homem nada conseguiu.
E o tambor ficou ainda mais pequeno.
Regressou a casa perturbado, com a corda ao ombro. Ao ver o tambor tão pequeno, perguntou-se se teria valido a pena o trabalho.
Depois, recordou a árvore que se erguia no meio da savana. Lembrou-se da promessa que lhe tinha feito e sentiu de novo coragem. Depressa a pele de cabra foi colocada no djembé, em arco, e muito esticada por uma rede de nós sólidos e complicados.
* * *
O homem olhou para o seu djembé, finalmente pronto! Claro que era um djembé muito pequenino, bem diferente daquele tantã que ele quereria ter talhado e no qual toda a tribo teria tocado em conjunto. No entanto, o homem não ficou decepcionado, porque era um belo djembé: esculpido, polido, suficientemente largo para as suas pequenas mãos, e suficientemente grande para lhe caber entre os joelhos. Então, quis experimentá-lo. Com as palmas e os dedos pôs-se a tocar. E a voz que saía deste tambor, tão pequenino que mais parecia um tambor de criança, era ampla e vasta e profunda como a floresta.
O homem sentiu-se arrebatado e as suas mãos continuaram a tocar… E a voz imponente do pequeno djembé estendeu-se a toda a aldeia e à savana inteira.
Um por um, todos os membros da tribo aproximaram-se dele. Tinham vindo todos: desde o mais ancião dos Anciãos à pequena guardadora de cabras, do mais forte dos homens fortes ao vizinho crocodilo. Tinham deixado as suas fogueiras, as suas conversas enfadonhas e as suas sestas, para formar um círculo em redor do pequeno tambor. E faziam silêncio.
Do pequeno djembé elevavam-se palavras e frases que diziam toda a savana: o medo da zebra que foge à azagaia do caçador ávido, o sofrimento da erva que curva perante a chama acesa pelo homem, a doçura do vento que murmura nos ramos da árvore… E os homens escutavam. Eles, que só pensavam na caça, na guerra e nas fogueiras, faziam silêncio.
Assim, até aos limites da montanha e do deserto, cada pássaro, cada leão e cada girafa reconheceram a voz da velha árvore. E, graças às mãos do pequeno homem, todos partilharam de novo o seu saber, por muito tempo ainda. Porque, ao som do djembé, o cepo da antiga árvore germinou. Do jovem rebento brotou uma nova árvore.
E, sob a sua corcha de árvore, corria a seiva da sabedoria de África.
A seus pés, por entre as ervas altas, a leoa espiava o antílope ou a zebra que se tinham afastado do grupo. Os pássaros, que se empoleiravam nos ramos mais altos, conheciam-na bem. E as girafas, que comiam as folhas dos ramos do meio, e os leões, que se estendiam sob os ramos baixos para fazerem a sesta.
Até os homens…
Do SpillersL’arbre qui parleToulouse, Milan Poche, 1999
tradução e adaptação